quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pesquisadores reproduzem pele humana em laboratório pela 1ª vez no país

MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) conseguiram pela primeira vez no país reproduzir a pele humana em laboratório. A descoberta abre caminho para o tratamento sem rejeição em pacientes com úlceras, queimaduras e lesões ou em testes farmacológicos e de novos cosméticos.

O estudo é também o primeiro a ser publicado sobre o tema na literatura mundial, segundo a coordenadora da pesquisa, a dermatologista Beatriz Puzzi. O método foi apresentado em dois congressos, entre eles o 4º Congresso Mundial de Banco de Tecidos, realizado em maio no Rio de Janeiro. Na ocasião, o estudo recebeu o prêmio de pesquisa inovadora.

A pele é o maior órgão do corpo humano e responsável por, em média, 16% do peso corpóreo total do indivíduo.

A pesquisa levou cinco anos e teve início com estudos desenvolvidos pela dermatologista com cultura de células da pele. Atualmente, os procedimentos são diversos e são feitos desde enxertos com substitutivos dérmicos até peles de cadáver fornecidas por bancos de pele. Esses métodos, no entanto, apresentam risco de rejeição ao paciente.

"A vantagem do novo método é de que um pedaço da pele é retirada do próprio paciente, eliminando o risco de rejeição", disse a pesquisadora.

Verba

Para ser posto em prática, o método ainda precisa passar por testes em pelo menos 20 pessoas. No entanto, a equipe de cientistas que desenvolveu o processo diz não tem verbas para prosseguir as pesquisas.

"É frustrante [a falta de recursos]. Estamos tentando obter verbas tanto da iniciativa privada como de instituições públicas de fomento de pesquisas. Mas, se não tivermos recursos, a pesquisa será paralisada", disse Puzzi.

Nos cinco anos de estudo --que consistiram na implantação de um laboratório e início da cultura de células-- foram investidos cerca de US$ 60 mil. "Não dá para avaliar quanto de recurso seria necessário para continuar as pesquisas."

Mesmo após a conclusão da fase de testes, a pesquisadora diz que será preciso uma autorização do paciente e do hospital para que seja feito o implante.

Pele

Basta uma pequena amostra da pele do próprio paciente ulcerado ou queimado para que se realize a reconstrução. O material é levado para um sistema estéril em laboratório. Esse processo deve ser feito sem que haja possibilidade de contaminação, tanto na retirada quanto no transporte da amostra.

Em seguida é feita a separação da pele --em derme e epiderme-- e a cultura primária de células de melanócitos e queratinócitos (presente na epiderme) e de fibroblastos (presentes na derme).

Em seguida, as culturas de fibroblastos (células que fazem parte da derme), são implantadas em colágeno bovino estéril, que servirá como base para a reprodução dos fibroblastos.

Todo o processo para chegar a todas as camadas de pele necessárias em laboratório leva entre 20 dias e 30 dias.

Fonte: Folha Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixem aqui suas dúvidas, perguntas e/ou comentários!